terça-feira, 16 de abril de 2013

Verdadismos Venho observando anos a fio uma certa tendência nos discursos da muita gente boa um certo compromisso sagrado com a verdade. Um compromisso com a verdade até que nos cai muito bem. A verdade é sempre nosso link maior com o sagrado. Mas assim como qualquer religião esse compromisso precisa ficar restrito às esferas mais altas e nobres do nosso religare. quando começamos a usar coisas sagradas pra enquadrar qualquer situação caímos no risco de nos tornar fundamentalistas. É assim que ocorre com qualquer religião e não é diferente com coisas que se sacralizam. Desde as mais profundas parábolas às palavras de ordem que movimentam exércitos contra um mal qualquer que seja ele. Cruzadas se constroem assim. Aqueles que ganham posição de reputação sacerdotal, portanto de credibilidade interpretativa, vão incitando os seus fieis até que a porteira da intolerância se abre e os rebanhos com o gostinho de sangue no canto da boca entoam seus gritos de guerra como quem está disposto e disponível para o massacre dos hereges. Vejo posts defendendo verdadismos em tudo. É um denuncismos onde todos ficam vulneráveis e isso é uma ferramenta ótima nas mãos daqueles que querem ver a boca crítica calada. Afinal quem não tem pecado que atire a primeira pedra! Já dizia Jesus, O cara! Aliás, falando dele, uma frase boa que disse sobre a verdade vem a calhar: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! Amigos essa frase não esta fundamentando uma religião fundada no verdadeirismo assim como um grupo de religiosos cristãos viram, no dia de pentecostes, a justificativa para fundamentar o pentecostalismo. Se isso for assim você, defensor do verdadeirismo, pode se ver numa situação inconsciente de achar que tem de sair dizendo verdades por aí como quem "fala em línguas" para ganhara credibilidade entre os seguidores dessa religião que cresce e se arroga de ser a verdade e o caminho da salvação. A única verdade que te liberta é aquela que, pela tua ignorância, te tornou um dia escravo de um equívoco qualquer. Por exemplo um dia o teu pai ou tua mãe, ou qualquer pessoa importante na tua infância te diz, não necessariamente com estas palavras: meu filho, ou filha, cuidado com esses gays porque eles são uns pecadores e isso é do mal. Você vai crescer durante anos com essa voz ecoando e te levando a ter medo de uma aproximação de qualquer homossexual. Isso é uma grande mentira que pode te tornar escravo do preconceito e você pode perder a oportunidade de viver uma vida plena sem o peso da culpa por exemplo de se afeiçoar por um gay. Conhecer a verdade que somos todos irmãos e que nossas diferenças são muito mais geradoras de alegrias que de tristeza é libertador. Conhecer a verdade que todos nós somos pecadores, que erramos o alvo volta e meia por conta dos nossos desejos ocultos, o que nos torna ainda um pouco mais iguais, também é libertador. Agora, conhecer todos os segredos dos outros, fingir que alguém nesse mundo está imune a imperfeições para acreditar que essa pessoa pode ser você, sair contando pra todo mundo tudo o você sabe sobre todo mundo inclusive sobre você, não é, não foi e nem nunca será libertador. Portanto não nos deixemos levar por essa correnteza de pseudo certezas maniqueístas, onde você se vê obrigado a pular numa espécie de trem da verdade pra não ficar pra trás do condutor da história. Afinal de contas quem deve fazer a história somos nós, todos nós. Precisamos estar comprometidos com a verdade que nos confere honestidade. Ela é o centro, o eixo do bom caráter. Agora, não confunda honestidade com sinceridade e muito menos com franqueza. Honestidade é fruto de um diálogo consigo mesmo, você, seus anjos e demônios e no fim vence o bem. Sinceridade é um compromisso com o outro sem fingir parecer aquilo que você não é, e franqueza é uma coisa de gente descomprometida com as pessoas em função de achar que aquilo que sabe, enquanto verdadeiro, é mais importante que a dor e o constrangimento gerado pela suposta verdade. Sejamos sempre honestos. Sinceros quando solicitados e francos só quando for preciso usar de franqueza para nos defendermos de falsos moralistas. Contra esses, com suas cascas grossas, só um grito de verdade pra colocá-lo de frente com suas próprias mentiras. Não gaste a verdade em vão, é como usar o nome de Deus pra qualquer bobagem do dia a dia. sair por aí falando "verdades" pode te colocar lado a lado com os fofoqueiros de plantão. Comprometa-se com a verdade que liberta. A sua verdade só tem o poder de libertar você mesmo. se desejar ajudar a alguém a se libertar dê a ela conhecimento sobre as ciências que você adquiriu pelo seu esforço por saber. Mas nunca pense que poderá libertar ninguém da ignorância. Só conseguirá de fato oferecer chaves para que ele possa descobrir aquela que lhe serve melhor. Assim a verdade será realmente a que liberta e não a que torna os outros reféns da extorsão moral a qual os voyeurs construtores de dossiês que nada têm de compromisso com a verdade e nem muito menos com a liberdade. muito aquém disso as usam como estratégia de guerra. Não pela verdade mas pela confusão que ela pode causar. Ricardo Le Duque 06-04-13 18:33

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