A maluca e o covarde
Nesses
dias assisti , sei lá, pela quarta vez, um filme que já utilizei em minhas aulas de
filosofia e de sociologia. chama-se Hancock. é um daqueles filmes de super-herói
só que, diferente dos outros mais comuns, o protagonista, interpretado pelo
Will Smith, é uma espécie de anti herói.
Poderia
aqui falar das estratégias pedagógicas que usei pra tornar essa película
popular em um valioso instrumento didático para minhas aulas, mas não! Não é isso
que pretendo. Ao assistir este filme de sucesso, modesto, eu me recordei de um
bordão que é um espécie de start para que todos os poderes fenomenais de heróis
que são, fossem liberados. é disso que gostaria de falar.
Pra
quem não assistiu ao filme cabe uma explicação. Hancock é um cara que não
recorda porque tem todos aqueles dons e só descobre quando, "por acaso",
se depara com a sua milenar companheira. Mulher que sempre amou mas que, por
uma explicação profundamente simbólica , quando estão juntos vão perdendo os
poderes de semi deuses até que se transformam em mortais. É uma terrível
metáfora sobre as características dolorosas, que tanto nos atemorizam, e sofríveis do amor, do grande,
derradeiro e implacável amor.
Mas voltando à explicação do bordão, quando
alguém chama nosso Herói de covarde... ah!... ele vira bicho. E com um tom que
nos remete às nossas infâncias "faroestiânicas" ou "shaolílicas"
quando algum menino que gostaria de testar a sua masculinidade, provocava:
"ih alá!... covarde..." Isso soava como: ou você parte pra porrada ou
então assumia sua incapacidade de expressar classicamente seus dotes de homem.
(rs ... era desse jeito) mas a coisa nova para mim no filme era que havia uma
correspondência feminina para tal start. quando nossa Heroína era chamada de
maluca... ah... "a porca torcia o rabo!". Essa era uma deixa pra que
ela liberasse todo o seu poder contra o homem que mais amava.
achei
esse detalhe, que soa mais como um bordão engraçado, a coisa mais significativa
do filme. Pensei cá comigo (...) e não é que é verdade?! Nós, homens, quanto
mais desejamos provar que somos machos alfas, mais nos lançamos nas aventuras
perigosas das bravatas corajosas diante de
nossos opositores. No fundo, lá no fundo nós somos um montão de covardes
tentando nos vencer nesse medo de nos prostrar à condição de nossas fraquezas
humanas. Para entrar no hall divino, onde poderíamos ser aceitos, ou
escolhidos, acreditamos que em primeiríssimo lugar temos de ter coragem.
E a
mulher? (...?...) Cresci acreditando no conceito moderno de igualdade e acabei
me adestrando a amortizar as diferenças entre homens e mulheres. Isso me levou
a equívocos risíveis como a infantil ideia de que nós homens só seríamos bons
amantes se na hora da cama ficássemos a disposição de seus gozos pra que só
depois víssemos o "nosso lado" aos poucos, no encaixe da vida íntima
pude me deparar com o "gozo" maior de uma mulher que se delicia ao ver seu homem se
lambuzar frenético sem técnicas kamasútricas. apenas um homem feliz por ter uma
fêmea que o satisfaz ah como é bom ver os olhinhos superiores de uma mulher,
brilharem por verem que o seu macho não conseguiu se controlar diante de tanta
gostosura que ela representa. As vezes digo que saí do armário depois de ter experimentado
tal assunção da minha condição masculina.
Véi!
Vai entender mulher! É mesmo difícil! Acho que agora entendo o que me levou a
me sentir tão atraído pela psiquiatria e pela psicologia. No fundo acho que
isso era parte de minha profunda vontade de entender as mulheres. Epa! "Eureka!"
É o que me ocorreu quando vi que a correspondência do bordão usado por Hancock
que era: " me chama de novo de covarde" e na sua mulher era: "me
chama de novo de maluca". Pronto! Lançara-se sobre mim uma luz acerca do
que seriam as mulheres. Recorri logo a uma das ptonisas mais importantes na tradução da alma feminina que é a Martha Medeiros, adoro lê-la pois que tal fato
me permite ler melhor as mulheres. E estava lá nas palavras da minha guru
"Toda mulher é doida" Esta num status do facebook da Martinha. Me
lembrei de uma outra tradutora credenciada pela alma feminina que é a Grande e maravilhosa
compositora Fátima Guedes. Ela tem uma novíssima e maravilhosa canção que tive a
honra de ouvir de sua própria boca " Toda mulher é maluca".
Aliviei as tensões de pobre homem em busca dos
potes de ouro além do arco-íris e aceitei a minha simples condição humana. Sou
apenas um homem, com medos, dúvidas e incertezas, Pronto pra tentar
impressionar as mulheres como um cavaleiro com sua espada contra os dragões e
agora sim mais confiante por saber o que sou ao me deparar com o que vocês,
mulheres são. Vocês são... lindas... vocês são gostosas... são... meigas...
são...
É... (...)
acho que não tenho coragem de dizer!
Ricardo Le Duque
15/07/2013 as 15:05