domingo, 5 de maio de 2013

Perdão
O perdão é o mais poderoso remédio para as dores da alma e do coração. Perdoar é algo intransferível. Não abra mão dele com aquela tradicional frase: "Quem perdoa é Deus". Tá aí um legado espiritual em nossas vidas materiais. Realmente o perdão é para os fortes, embora não seja uma condição de admissão para um credenciamento divino. Perdão é posse que se tem em terras de paz. É mais gostoso dar do que receber. Aliás quem precisa de perdão sente-se muito mais em débito que em crédito. Embora só busque perdão aqueles que acreditam fazer por merecê-lo, há também nos corações arrependidos a ideia de que é preciso um despojamento maior para pedir perdão do que para perdoar. Por isso acreditam que têm uma chance de recebê-lo. Portanto, perdoem. Perdoem sem medo! Não há o que temer no perdão. Não se trata de perdoar para endireitar ninguém. Ninguém endireita ninguém com perdão. Perdoamos para nos livrarmos do peso do ressentimento que tanto nos afoga em mágoas. Perdoar é como vir à superfície de nossa vida ganhar fôlego para uma nova apneia em nossos mergulhos profundos nos mares do amor. Quem é perdoado tem sobre si os seus próprios desígnios. Há dois tipos de perdoados: o que se agarra ao perdão como quem merece a vida, e o que se agarra à vida como quem merece perdão. A vida vem do pó da terra e é suscetível às leis da vida. Sucumbe às forças da vida e, por isso quem se agarra a ela a perderá, condenada pela lei da gravidade. Afundará em direção ao vale da morte, posto que vida pela vida é caminho da morte. O perdão é algo elevado. Está além das leis da natureza e da vida mortal. Quem se agarra ao perdão como quem merece a vida recebe vida. Não a vida orgânica, aquela que perecerá um dia pelas leis da natureza, mas a vida eterna. Eterno é aquilo que dura pra sempre com a esperança que nos acompanha até nosso momento derradeiro. A vida que se recebe pelo nosso abraço ao perdão recebido e leve como uma pena. Isso mesmo! Pena é aquilo que recebemos quando julgados e condenados pelos nossos erros. É a nossa sentença. Receber perdão vai muito além do cumprimento da pena. É a profunda conscientização e arrependimento dos nossos erros. Aquele que for capar de abraçar o próprio perdão não terá como fardo as suas penitências, sejam lá quais forem, pois, livres do erro, perdoados por uma justiça além da justiça dos homens, receberá um pena como as que permitem a liberdade dos pássaros. Aqueles recebem o firmamento como lugar de viver. Assim serão capazes de voar sobre a gravidade dos problemas e pairar no céu como as nuvens que prenunciam a mudança do tempo. Podem viver suas tempestades, podem sofrer com os ventos frios que antecedem a chuva, mas poderão contar com a certeza de que verão o sol brilhar novamente. O sol que nos oferece a luz, o calor e a vida depois dos temporais. Ricardo Le Duque 04-05´2013 as 16:30