quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Somos todos produtores de eventos II

Somos todos produtores de eventos II

Esta semana postei um texto que fiz mediante a uma inquietação. Daquelas que a gente já acorda querendo escrever. Esse de hoje, na verdade é uma continuação pois o outro não disse tudo sobre essa inquietação. Já estava extenso demais e eu resolvi parar pra digerir um pouco mais sobre o tema.
O que faltou dizer é que ainda sobre a nossa condição de produtores de eventos em nossas vidas há duas palavras que se confundem nesta seara: Cicatriz e marca.
Sempre falo aos meus alunos que estão se formando no ensino médio a importância de se levar a sério a cerimônia de formatura. digo-lhes, quando eles começam a desdenhar e acharem que o melhor seria fazerem um churrasco na casa de alguém, num sítio ou coisa e tal..., que todos nós precisamos de rituais de passagem para determinados momentos de nossas vidas. Eles são capazes de estabelecer marcos que facilitam didaticamente divisores de águas ao longo de nossa jornada.
Há quem se pergunte: "Mas pra quê isso? bobagem!" Sou taxativo! Não, não é uma bobagem. Esse marco nos permite saber onde estávamos em tal época, fazendo o que, com quem. Podem acreditar isso é necessário.
A informática, em sua dinâmica tecnológica e evolutiva, nos permitiu projetar nas máquinas aquilo que somos de forma virtual. Um computador é melhor que outro tanto quanto for capaz de possuir maior memória. A memória permite, são só o espaço físico para a alocação de informação mas também um outro aspecto que é a velocidade de processamento. Assim, tempo e espaço se revelam virtualmente eficientes na vida útil do computador. Nos sistemas operacionais, o que dá vida à máquina, há uma ferramenta chamada restauração de sistema. Ela está ali para que o usuário, quando sentir que o computador está funcionando mal, devido a influência de aplicativos, possa voltar a um determinado momento em que ele funcionava bem. De lá pra cá ele dá uma retirada de tudo que entrou na máquina e que, por algum motivo mudou a configuração adequada e o levou ao mal funcionamento. Ele só não apaga os nossos arquivos pessoais, ou seja, o que foi de nossa espontânea vontade fica. Só apaga o que se instalou alheia a nossa percepção e querer.
Por isso é importante ter uma marca de tempo em tempo para que se possa restaurar o que funcionava bem.
Pois é. Na vida não é diferente. Precisamos de chá de panela, chá de bebê, batizado, festa de 15 anos, baile de debutantes, de formaturas, de cerimônia de casamento, divórcio, de funerais... Esses momentos dão a marca que precisamos para retomarmos momentos de outras configurações pela nossa lembrança. O que fomos é muito importante para entendermos no que nos tornamos e no que pretendemos ser. Assim podemos compreender a diferença entre cicatrizes e marcas.
A primeira palavra, ainda que não precise ser vista com valor pejorativo, é expressão de acidente de percurso ou de força da natureza em nossas vidas. Podemos torná-las marcas se quisermos. A marca é algo que denota um objetivo racional e formal em nossas vidas. Uma Cicatriz pode se tornar uma marca. Podemos fazer dela uma espécie de tatuagem que a vida escreveu em nosso corpo ou em nossa alma. Mas pode ficar apenas na categoria de acidente de percurso se a rejeitarmos. De maneira tal que cicatrizes podem ser marcas mas nunca aquilo que entendemos como marca será uma cicatriz. A marca é um Marco. É fruto de nossa vontade, desejos e interesses. É fruto de nossa razão. Nos definimos por meio dela. Aquilo que se expressa num corpo físico ou afetivo vai ficar em nossas vidas queiramos ou não. Nossos espelhos nos revelarão. Sejam eles aqueles que são lâminas de vidro com mercúrio ou as pessoas que se manifestam em nossas vidas. Cabe a nós a capacidade a auto compreensão. E pra isso precisaremos dar significado àquilo que deixa em nós marcas indeléveis. Ainda que cicatrizes podemos torna-las marcas de nossas experiências como uma ruga, uma estria de gravidez, uma pel bronzeada curtida... O segredo para isso está em nos percebermos como protagonistas de nossas histórias atores em nossos espaços. Para isso devemos nos assumir como os Produtores dos nossos eventos. Ainda que para isso precisemos contratar profissionais do ramo. Sejam eles cirurgiões plásticos, psiquiatras, psicólogos, advogados, mestres de cerimônias ou simplesmente eles: Os nossos cada vez mais comum em nossas vidas, produtores de eventos. rsrsrsrsrs melhor que seja assim. Vamos fazer festas! Vamos celebrar a vida!
Ricardo Le Duque
03/08/2014
16:15
Foto Jade Beall

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